Este é o quarto volume de uma série de T. Kingfisher que mistura fantasia com romance. Mais leve e divertida do que outras obras da autora (que por vezes apresentam elementos sombrios e, até, de horror) The Saint of Steel (nome desta série) costuma apresentar uma narrativa movimentada e imaginativa. Este volume não foi excepção.

Num mundo fantástico de contornos medievais, existem elementos fantásticos e talvez de ficção científica. Encontramos deuses que possuem seguidores, magia, algumas criaturas fantásticas e restos de uma civilização tecnologicamente mais avançada. É neste contexto que encontramos uma ordem de paladinos que segue um Deus aparentemente justo e correcto.

Mas quando este Deus morre subitamente, apenas sete paladinos sobrevivem, sem rumo, acabando por ser acolhidos pelo Templo do Rato, uma ordem que responde a um outro Deus que tem como missão ajudar e suportar os mais desfavorecidos. Cada volume da série foca-se num paladino diferente, desenvolvendo um romance ao mesmo tempo que explora um mistério e apresenta episódios mais movimentados.

Neste caso a história centra-se em Shane e Marguerite Florian. Marguerite é uma personagem que já tinha aparecido como secundária no primeiro volume, Paladin’s Grace, tratando-se de uma espia que se infiltra na corte, entre outros locais. As suas missões estão relacionadas sobretudo com o comércio e a manipulação do mercado de bens, trabalhando a favor de quem a contrata.

Infelizmente, Marguerite vê-se perseguida por vários agentes de uma poderosa facção, tão grande que nem todas as partes se conhecem. É aqui que tece um plano para pedir ajuda ao Templo do Rato, acabando por ser acompanhada por dois paladinos, uma mulher e um homem de nome Shane. Shane será, entre os sobreviventes da sua ordem, um dos paladinos mais fortes.

Os quatro volume podem ser lidos e entendidos independentemente, ainda que existam alguns elementos que se cruzam de livro para livro. Neste caso, Marguerite foi uma personagem secundária do primeiro volume e agora é a principal, existindo, por vezes, breves referências a outras personagens ou acontecimentos. Para além destas referências, existe um mistério em torno de horríveis criaturas que se fazem passar por humanas que se vai desenvolvendo lentamente.

Até agora, estes volumes proporcionam uma leitura divertida e relaxada, carregada de elementos engraçados e imaginativos. Uma das características que mais contribui para esta aura engraçada é a caracterização das personagens, carregadas de falhas, irritações e inseguranças, o que nos leva a criar empatia para com os leitores. Existe, também, uma óbvia atracção entre as personagens principais onde estas se vão desentendendo até perceberem que afinal há algo mais.

Este volume destaca-se dos anteriores por explorar dois aspectos que ainda não tinham sido tão detalhados – os deuses e a espionagem. Em relação aos deuses, fala-se da ligação que criam com os seus seguidores (podendo levá-los a um frenesim de batalha como no caso dos paladinos), bem como algumas criaturas desta realidade fantástica se podem tornar deuses.

Já na espionagem, vemos a forma como Marguerite navega na corte, identificando outros espiões, tendo conversas de duplo sentido, mas também, abrindo portas e cofres, tanto para explorar o seu conteúdo, como para fugir. Por vezes, a espionagem leva-a, também, a seduzir pessoas importantes, elemento que também é debatido ao longo da narrativa.

Para além de explorar mais os factores dos deuses e da espionagem, este volume não se centra na descoberta de um crime (depois de apresentado um cadáver) mas no evitar que Marguerite seja assassinada por profissionais contratados. Ainda assim, tal como nos restantes, temos mistérios, fantasia, e romance.

Tal como outros volumes da série, Paladin’s Faith é uma leitura fluída e leve, que entrega aquilo a que se compromete, com uma mistura de fantasia e romance, com fortes pitadas de humor e de acção. Gostei mais deste volume do que do terceiro, que tinha ficado um pouco abaixo do esperado e tinha, até, achado tosco.