Publicado em 2009 pela Quetzal, Enciclopédia da Estória Universal ter-me-ia passado completamente ao lado, não fosse ter sido referenciado para a lista de lançamentos portugueses de fantástico e FC de 2009. Por outro lado, foi-me indicado como sendo um dos melhores livros do género do ano, se não o melhor. Curiosa, resolvi adquirir e ler.

O livro é, como indica o título, uma enciclopédia, mas de ficções e citações intercaladas que formam entre si pequenas histórias. A escrita e a forma como está estruturado relembra-me obras de Borges (como A História Universal da Infâmia), o livro de Rhys Hughes (Nova História Universal da Infâmia) ou até Italo Calvino e Zoran Zivkovic. Houve quem me dissesse assemelhar-se a Dicionário Kazar de Milorad Pavitch, mas dado que ainda não o li, não posso confirmar a comparação.

A disposição das citações e factos constrói outras realidades, maiores, onde podemos encontrar um santo que por modéstia finge ostentar riqueza, refugiando-se numa cabana, ou um mordomo incapaz de interpretar uma metáfora, cometendo atrocidades irónicas pelo seu desentendimento. Existem ainda pedras impregnadas de música de tal forma que se unem e constroem formas geometricamente perfeitas, ou árvores míticas que nascem de homens, influenciando o passado e o futuro. Deixo aqui uma pequeníssima parte que demonstra o espírito da obra

Paradoxo de Lieber

“Se a incompetência é feita por incompetentes, por que motivo a incompetência é feita com tanta competência? Só podemos concluir que a incompetência é feita por pessoas competentes. Um incompetente seria incapaz de ser competente a fazer coisas incompetentes.”

Sobre o livro, apenas me alongo para dizer que adorei e que aconselho a todos os que gostem de uma leitura mais erudita, mas não complexa, cujo gosto literário se enquadre nos autores já citados acima. Quem desejar saber ou conhecer mais sobre o livro, podem consultar o blog do autor, onde podem encontrar mais trechos, um filme ou mais imagens.

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