Eis uma história muito misteriosa de Neil Gaiman, ainda para mais para quem nunca leu American Gods. De contornos mágicos e sobrenaturais começa por nos apresentar um cenário quase banal, onde pequenas pistas para algo mais se transformam num episódio de confronto e quebra de tradições.
Sem nunca nos ser explicado o que terá ocorrido, percebemos que a personagem principal, Shadow, é um homem com um passado pesado. Tendo deixado o Texas para trás, deambula pelos cenários desolados da Escócia. O quotidiano de viajante solitário e calmo quebra-se conhece um irritante médico num bar, numa pequena vila remota. Depois de meia dúzia de piadas que roçam a ofensa, e de o chamar de monstro, propõe-lhe um trabalho aparentemente fácil onde ganhará uma boa maquia.
Antes de concretizar o trabalho de segurança numa festa privada, conhece uma rapariga oriunda da Noruega, que, depois de o fazer acompanhá-la até casa, lhe conta a lenda da hulda woman, uma criatura sobrenatural, de grande força, mas de frágil aparência feminina que estaria condenada a apaixonar-se por homens, principalmente por agricultores.
Este encontro termina de fácil abrupta, mas antes de partir, a rapariga visita-o à noite para lhe desejar boa sorte e o incitar a chamar por ela caso necessite. Surreal encontro que fica no limite da realidade, que leva Shadow a pensar no tal trabalho de fim-de-semana que assume contornos cada vez mais bizarros.
Ao longo deste início, quase banal, vamos encontrando referências e elementos que nos colocam constantemente alerta – pequenas pistas para que algo mais se esconde por detrás do espírito melancólico de Shadow, e muito mais por detrás do inocente trabalho de segurança numa festa de famosos.
Envolta em tradições antigas e lendas locais, esta história decorre num ambiente austero e pouco amistoso, carregado de indicações de que nada é o que parece. Uma história misteriosa que me levará a ler o American Gods para encontrar novamente este estranho mundo ficcional.
Já li este conto incluído no livro Coisas Frágeis. Não foi o meu conto preferido mas gostei 🙂
Também não foi o meu conto favorito do autor – continua a ser o Black Dog. Esta edição tem a vantagem de ser ilustrada, o que lhe dá um toque especial 🙂