Em Fun Home exploram-se as relações familiares, a família e a afirmação de identidade. Trata-se de uma obra autobiográfica em que a autora explora o relacionamento com o pai, sendo que os restantes membros da família adoptam existências sombrias, percepcionados raramente ou quase como móveis.
O pai geria uma agência funerária, actividade que acaba por se estabelecer como secundária por falta de lucro, em detrimento do trabalho como professor de inglês. Em casa, de construção neogótica, o pai assume a intensa actividade decorativa procurando reproduzir uma casa perfeita. Aliás, a aparência de perfeição parece a sua obsessão e não se fica pela casa, tentando fazer com que Alison seja o mais feminina possível, apesar dos seus gostos mais voltados para o básico e prático.
É só quando Alison cresce e se assume como lésbica que saberá, pela mãe, dos casos que o pai teria tido com outros homens, casos que por pouco não fizeram resvalar toda a família num processo judicial pesado, sobre o qual, enquanto criança pouco se apercebeu. Lentamente as recordações voltam fazendo percepcionar, de forma diferente, alguns momentos passados com o pai.
Mas pouco tempo depois o pai morre (ou suicida-se – é uma hipótese suspensa na cabeça de todos) e Alison não chega a estabelecer, com o pai, o laço efectivo que sempre desejou. Ficam os livros em comum, os momentos de compreensão (e incompreensão) e algumas interpretações possíveis da história que nunca há-de saber totalmente.
Em Fun Home entra-se no quotidiano de uma família peculiar pelas recordações de criança da autora que, só com algumas revelações, percebeu o quão peculiar era a família (e a sua infância onde ocorreram viagens à Europa, onde os pais teriam vivido). Mais mais do que o quotidiano de uma família, durante o desenrolar das memórias a autora tenta eternamente estabelecer um contacto mais próximo com um pai, um suposto entendimento e reconciliar com o seu peculiar feitio, como forma de ultrapassar a sua morte.
Fun home foi publicado em Portugal pela Contraponto.
Excelente livro, muito humano, mostra as percepções diferentes de cada parte de uma família …
Muito bom mesmo !
Também gostei imenso 🙂