Omar e Yaqub são gémeos – mas ainda que tenham nascido no mesmo dia, não poderiam ser pessoas mais diferentes. Tratados de forma diferente pela mãe na sequência de doença prolongada de Omar, acabam por seguir percursos mentalmente opostos, com o gémeo mimado (Omar) a desenvolve-se num jovem ocioso. Já Yaqub, enviado para o Líbano para fazer esmorecer a raiva entre irmãos, retoma como um completo estranho para a família, e torna-se um estudioso que segue uma carreira de sucesso.

A história é contada pelo filho da criada da casa, uma mulher que terá sido trazido ainda criança de um orfanato para servir, e que terá habitado com os pais dos gémeos desde o casamento. Não é, assim, de estranhar, que veja nos gémeos uma continuação de si própria, principalmente Yaqub de quem cuidou desde criança para compensar as atenções da mãe, mais voltadas para Omar.

Em Two Brothers apresenta-se uma compatibilidade que vai sendo lentamente explicada numa linha narrativa temporalmente não linear, saltando gerações para nos fazer compreender a extensão da competitividade e animosidade entre os irmãos, bem como o fosso que se vai criando entre o pai e a mãe. A perspectiva única com que a história é contada permite explorar os sentimentos negativos que se vão desenvolvendo entre os elementos da família, sentimentos que acabam mais profundos com as más decisões que vão sendo tomadas.

De desenho a preto e branco, Two Brothers apresenta personagens com aspecto de caricatura – a definição corporal é relaxada conferindo fluidez e expressividade, e os cenários são pouco detalhados garantindo que as personagens permanecem no centro das atenções do leitor. É desta forma que os autores (também eles uma dupla de irmãos) desenvolvem um enredo de sentimentos e desentendimentos fortes numa história envolvente e cativante.

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