O autor explora neste livro a vida de Maurício Hora, um fotógrafo que cresceu nas favelas e que ganhou notoriedade fotogrando a vida das pessoas que o rodeavam e dando especial ênfase a dura realidade que o rodeava.
Quem mora no morro não tem muita forma de subsistência que não envolva a criminalidade. É difícil encontrar um emprego fora desse meio e aqueles que o encontram não ganham o suficiente para se sustentarem sem outros arranjos laterais. Mas estas ocupações ilegais são vistas com normalidade e banalidade, principalmente há algumas décadas em que quem liderava estes empreendimentos estabelecia algum tipo de justiça reconhecível na favela, usando a influência para controlar casos de abuso físico ou extrema violência contra inocentes.
Era o caso do pai da personagem, uma pessoa respeitada na favela que conseguia, de forma ilegal, sustentar a família. Na realidade, são os polícias que são temidos, que acabam por oprimir todos os que encontram na favela independentemente da sua condição, agredindo e matando indiscriminadamente.
A oportunidade da reviravolta na vida de Maurício não foi imediata. Um emprego mais estável numa ourivesaria leva-o a adquirir uma máquina fotográfica e acaba por fotografar a realidade que vê todos os dias, materializando-a aos olhos de quem pouco contacta com as favelas e a dura vida de quem lá vive.
Em termos gráficos Morro da favela apresenta o mesmo estilo de outras obras de André Diniz, competente e expressivo, usualmente sem grandes detalhes, capaz de realçar os diálogos e as interacções. A história é interessante mostrando a vida no morro, pouco conhecida e pouco divulgada e usualmente demonizada.
Morro da Favela foi publicado pela Polvo.