Durante o Amadora BD o autor Derradé (Dário Duarte) distribuiu entre as pessoas que lhe pediam autógrafos pelo seu mais recente livro (A Loja) um mini zine com uma curta história cómica, mas carregada de elementos interessantes sobre a preconceito contra a BD em Portugal (zine este, referido durante o livro A Loja).

Neste seguimento vou pegar no zine para acompanhar o comentário do autor e acrescentar mais uns pós. A história começa por nos apresentar um rapaz que, sendo bom aluno, gosta de ler banda desenhada. “Que horror!” – pensam os pais. Que futuro poderá ter tal rapaz de continuar a ler tais coisas?”

Tal reacção não ocorre apenas com a banda desenhada. Também com a ficção científica ou com a ficção especulativa, ou com os jogos de tabuleiro. Acontece, na prática, com tudo o que não for suficientemente sério ou não tiver utilidade visível – uma reacção vinda de um povo que se habituou a pensar em cinzento e a quem os hobbies arrancam da falsa sensação de seriedade que é confundida com pessoa confiável.

Mas esta curta história não se fica por esta crítica. Refere, também, o fenómeno dos livros para crianças desenhados por artistas quase abstractos, fazendo, de alguns dos livros, peças muito pouco infantis, antes pedaços intelectualóides de histórias de narrativa difusa.

Esta pequena história foi publicada pelo próprio autor e distribuída gratuitamente durante o AmadoraBD.