A Assembleia das Mulheres é uma peça teatral de Aristófanes que se centra num grupo de mulheres que decidiram convencer os homens a ceder o controlo às esposas. Neste volume, Zé Nuno Fraga adapta a história para banda desenhada, num volume colorido, caricato e cómico!

A história inicia-se com as mulheres a encontrarem-se durante a madrugada, vestidas com as túnicas dos maridos, e com barbas falsas que permitiriam disfarçar a sua identidade. Assim pretendem entrar na assembleia dos homens e discursar, persuadindo a implementação de um novo regime.

O discurso de Praxágora é tão convincente que se instala um regime legislado pelas mulheres – um género de comunismo em que tudo pertence a todos e ninguém detém bens pessoais, onde todos colheriam o proveito das terras e onde todos os homens e mulheres poderiam usufruir de companhia variada, sob regras que pretendem equilibrar os encontros amorosos.

As personagens são caricaturas deliciosas – de expressões e poses exageradas; que acrescentam um toque ainda mais cómico e mais mirabolante à história. Enquanto alguns homens pensam nas possibilidades amorosas que se levantam, outros tentam encontrar forma de enganar o sistema e de lucrar com tal arranjo.

Trata-se de uma paródia que vira Atenas do avesso – as mulheres querem mostrar que da mesma forma que gerem uma casa conseguem gerir a sociedade. Mas dadas as características mais harmoniosas que se associam às mulheres, o mundo que originam parece uma loucura que é levada ao exagero.

O foco está essencialmente nos rostos e nas expressões, mas também nas poses. As mulheres aparecem às cavalitas dos homens, suportadas, elevadas à sua nova autoridade. Já as figuras femininas não têm meio termo – ou são extremamente frescas, joviais e elegantes, ou, por oposição, são excepcionalmente feias, cobertas de verrugas e pele esverdeada.

A adaptação de A Assembleia das Mulheres de Zé Nuno Fraga é uma leitura leve e divertida, uma paródia em que os elementos narrativos casam perfeitamente com os desenhos de tom exagerado. O resultado é uma leitura hilariante, de elevado nível de qualidade no nosso mercado e que estará (do que tenho visto) a passar mais despercebida do que merece.

A Assembleia das Mulheres foi publicado em Portugal na nova editora A Seita.