Borges foi desenvolvendo, ao longo da sua vida, uma cegueira persistente que o afastavam do prazer de ler. Em compensação, ia pedindo a amigos e conhecidos para lhe lerem livros. Uma dessas pessoas foi Alberto Manguel que fala um pouco de Borges e do seu relacionamento com outros escritores.

Alberto Manguel trabalhava numa livraria e foi assim que, ao conhecer Borges, foi um dos escolhidos ao acaso para lhe ler durante a tarde. Conhecia muito pouco do escritor, mas acedeu ao pedido.

A descrição que tece é bastante diferente do que seria de imaginar de Borges. Homem de parcos livros que gostava mais de livros simples do que grandes edições luxuosas, já não consegue ver, mas sabe onde se encontram todos os exemplares que tem em casa. Já não pode ler, mas recorda integralmente longos textos, citando-os em simultâneo às leituras que lhe fazem.

Para além de uma abordagem mais próxima de Borges, Alberto Manguel teve ainda a oportunidade de ver como se relacionava com outros escritores, mais especificamente Bioy Casares e Silvina Ocampo – autores de gostos distintos, mas com os quais tecia conversas literárias.

Com Borges é um pequeno e curioso livro que nos dá uma visão muito peculiar de Borges. Sem ser excepcional, interessa sobretudo pela visão particular de Manguel. Adicionalmente, esta versão portuguesa da Tinta da China é acompanhado de um posfácio específico para esta edição.