Conheci esta série através de um volume duplo que contém dois números a meio da série. Só depois percebi tratar-se de uma série maior, na qual recentemente foi lançado mais um volume no mercado português.



A história
O Gato do Rabino fala. Mas as ideias que expressa são pouco religiosas e as questões que faz despertam dúvidas que poderão fazer duvidar os mais fracos. É, dessa forma, proibido de falar com a filha do rabino – não vá falar demasiado.
Do seu ponto de vista diferenciado, o gato assiste a tudo o que acontece com a família, questionando de forma bastante crítica, mas distante, alguns dilemas que apoquentam a família. Nota como os humanos se movem de acordo com a religião, e comenta os hábitos associados, sobretudo, à família judaica.



Crítica
O tipo de narrativa não é fácil de entrar. Tem um ritmo muito próprio, pausado, com nuances de humor peculiar e centra-se, sobretudo, em dilemas religiosos e questões humanas que, do ponto de vista do gato, ficam ridicularizadas. É, no entanto, uma série que, com a progressão da leitura cativa pelos mesmos elementos com que se estranhou.
Não é, portanto, uma história muito movimentada. A acção vai-se desenvolvendo lentamente, entre as divagações do rabino e os comentários do gato, o que poderá não agradar a todos os leitores. Para quem gosta deste tipo de argumentação e, especialmente, do humor, é uma série que vai criando espaço com o leitor.
A par com a narrativa, também o desenho é peculiar. Imperfeito na captação das proporções e posturas reais, mas expressivo. Denota-se o pouco detalhe, a simplificação das formas, o exagero de algumas posturas. Como ponto menos positivo, as letras, que, apesar de visualmente estarem alinhadas com o desenho, serem de difícil leitura.
Por isto tudo, até parece que a opinião é negativa. Não de todo. Novamente, é uma daquelas séries que se estranha e entranha. Questiona alguns hábitos religiosos, mas ao fazê-lo na perspectiva isenta de um gato consegue alienar-se de questões históricas. Com a progressão da série, opõe, também, os hábitos mais antigos com os dos novos judeus, alterados pela existência num mundo ocidental.



Conclusão
Se, com a leitura do volume duplo tinha achado interessante, mas pouco envolvente, a leitura destes três volumes de seguida cativou-me. Irei ler, decerto, novamente, o volume duplo desta série que ganhou um lugar especial.
que questiona alguns hábitos religiosos,