Depois de ler Periferia de Catarina Costa, fui explorar que outras coisas teria escrito, tendo encontrado vários livros publicados através da Companhia das Ilhas. Pelas sinopses, este seria o que mais se aproximava ao meu estilo de leitura. O que encontrei é, no entanto, bastante diferente do esperado.

«Tão próximo de nós, um robô vai-se parecendo humano até ao ponto em que as parecenças se tornam monstruosas e tudo se torna demasiado estranho.»

O livro começa com um relato que fala de objectos de outros tempos. Um pequeno episódio desconexo que ocupa apenas uma página. A este sucedem-se outros episódios, pequenos segmentos que ocupam, na sua maioria, até duas páginas. Por vezes, parecem pensamentos ou pequenas reflexões poéticas, por vezes parecem partes de histórias maiores. Algumas possuem detalhes fantásticos ou quase ficção científica.

«Segundo a teoria do vale da estranheza do roboticista japonês Masahiro Mori, à medida que um robô se vai parecendo mais humano, as pessoas tendem a sentir mais empatia por ele, mas só até um determinado ponto. O ponto em que as parecenças se tornam monstruosas e em que tudo se torna demasiado estranho. »

Este livro não apresenta uma única história que se desenvolve e progride personagens. Antes excertos de uma página, com título próprio, por vezes com interligação entre os textos, por vezes, sem aparente conexão. O resultado possui passagens agradáveis, mas em termos narrativos não apresenta grande composição.

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