Tal como em anos anteriores (podem ver os links no final) eis algumas leituras recentes que são boas sugestões para o Halloween! Começo por recomendar duas colectâneas de contos de horror – uma de Pedro Lucas Martins e outra de Pedro Medina Ribeiro. A volta no caixão apresenta um conjunto diversificado de contos, alguns episódicos, mas quase todos com reviravoltas finais curiosas. A edição é de luxo, em capa dura e papel lustrado. Para quem gosta do género, aconselho a explorar o projecto Fábrica do Terror, do qual Pedro Lucas Martins é um dos fundadores.

A Serpente no sótão é, tal como a anterior colectânea do autor, uma recomendável compilação de histórias, que se destaca por apresentar histórias de tom mais clássico e contornos góticos, bem como histórias mais modernas que se aproximam do thriller.

Este Rose/House de Arkady Martine revelou-se uma leitura mais negra do que o esperado, centrando-se numa casa assombrada por uma IA. O arquitecto da casa terá sido um homem bastante destacado e entre os seus vários projectos (alguns terminados outros em papel) desenvolveu uma casa em forma de rosa no meio do deserto que é comandada por uma IA. Após a morte do arquitecto a casa tornou-se alvo de uma obsessão por outros seres humanos que formam uma espécie de culto. Quando a IA contacta a polícia para revelar a existência de um cadáver no seu interior, uma detective vê-se na obrigação de investigar o caso. A premissa de ficção científica vai ganhando contornos mais arrepiantes com a progressão da história.

Every heart a doorway parece, à primeira vista uma leitura fofinha. Desenganem-se. A história apresenta uma premissa comum a tantas outras onde várias crianças encontram portas que as levam para um mundo diferente do nosso. Mas nem todos estes mundos são fofinhos. Alguns estão repletos de vampiros ou de demónios, mundos onde não se pode respirar ou deter cor. Mas, de alguma forma, algumas crianças voltam ao mundo original, passando os dias a pensar num regresso. São estas crianças que são colocadas num colégio interno de inadaptados – e para além dos detalhes mórbidos que vão partilhando, a narrativa apresenta uma série de homicídios macabros que terão de ser resolvidos pelos próprios jovens.

Quando a temática dos zombies parece estar esgotada, eis que surge este It lasts forever and then it’s over que consegue surpreender. E se o apocalipse zombie fosse contado na perspectiva da própria criatura que, não parando de se mexer e tendo o corpo a apodrecer, for sofrendo uma degradação física e mental ao mesmo tempo que relata o passar do tempo?

Banda desenhada

Tales from Nevermore é um lançamento recente de autoria nacional, perfeito para esta altura do ano! O volume reúne uma série de histórias sombrias narradas por um corvo. De história em história conhecemos vários episódios macabros, onde as maldições e as mortes se cruzam, com detalhes sobrenaturais. É uma leitura que cruza tradição com moderno – por um lado contém vários elementos conhecidos ao género, com vários toques góticos, por outro, usa as novas tecnologias na sua apresentação, com QR Codes que permitem explorar algo mais sobre as personagens (ou melhor sobre as suas tumbas), o que lhe confere uma dimensão curiosa.

Os Filhos de Baba Yaga de Luís Louro, não é bem terror no sentido tradicional do género, mas os elementos macabros e horrorosos são de tal densidade, que se adequa a ser uma leitura para esta época. O título remete para a mais conhecida bruxa russa, Baba Yaga, levando-nos ao território russo onde os aldeões subsistem entre o frio pesado do Inverno, e as chamas da guerra. É nestas circunstâncias que seguimos um grupo de crianças que, sem adultos, se adaptam a sobrevivem à realidade que os rodeia. Mas não sem custos. Para sobreviverem vão deixando lentamente a inocência, enfrentando e manipulando quem encontram pelo caminho, vivendo autênticos episódios de horror.

Bela Casa do Lago começa por nos apresentar um grupo de amigos que se viu convidado a passar o fim de semana numa casa idílica que contém tudo aquilo de que possam precisar. Os primeiros momentos são agradáveis. Até se aperceberem que a restante humanidade se está a desfazer lentamente, através de vídeos nas redes sociais. O grupo de amigos é, portanto, o grupo de sobreviventes, numa casa que parece funcionar como uma espécie de Big Brother, mas onde os espectadores são alienígenas. A narrativa desenvolve-se lenta e misteriosamente.

Jogos de Tabuleiro

Confesso que a primeira vez que jogámos Love Letter não nos despertou grande atenção. No entanto, após algumas partidas, tornou-se um favorito, como jogo rápido, a dois ou a três (e não é por acaso que, no nosso casamento, a mesa dos noivos fizesse referência ao jogo). O jogo tem uma componente de sorte, mas dentro das possibilidades das cartas apresenta uma componente estratégica curiosa. Esta versão escala as possibilidades, com os jogadores a serem levados à loucura, corrompidos pelas cartas de duplo sentido que abrem novas possibilidades nas jogadas.

Apesar de não ser muito pesado no tema, Clank! promete uma morte às chamas de um dragão a quem faça demasiado barulho enquanto explora e rouba os tesouros na masmorra. Este jogo de deck building é, também, uma corrida. Sê o primeiro a obter um artefacto, saí da masmorra o mais depressa possível e deixa os restantes jogadores a torrar. No final, sobrevive, e conta os pontos do que foste conseguindo recolher.  

Mais sugestões (anos anteriores)