Depois de um início excelente (comentário aos três primeiros volumes), e de um quarto menos movimentado, eis que se prepara o grande final neste quinto volume de estoirar miolos. Literalmente. Explorando as circunstâncias que originaram as chaves e o grande vilão da série, torna-se mais humano, o que aumenta o impacto das cenas violentas.
Está descoberta a quinta chave – a do tempo. Em combinação com um velho relógio onde se consegue manipular a data, a chave permite viajar no tempo. Quem viaja pode ver e ouvir, mas não consegue ser visto, nem ouvido e muito menos interagir com objectos ou pessoas. É assim que os irmãos mais velhos descobrem as circunstâncias macabras que levaram à criação das chaves.
Mas não se ficam por aqui. Com saudades do pai, esperam revê-lo ao retornarem aos tempos de juventude em que viveria naquela casa. Para além do pai encontram o grupo de amigos que protegia as chaves, criando imensas aventuras que serão a causa de eventos macabros.
É o último dia da escola, e a partir daí o destino dos membros não será comum, seguindo para diferentes universidades. Com o objectivo de manterem alguns poderes na idade adulta e de viverem uma última aventura, decidem criar uma nova chave. O plano tem tudo para correr mal, mas acaba por correr muito pior do que esperam, fazendo com que o rapaz mais descontraído e amoroso do grupo se transforme no vilão de alma corrompida que conhecemos.
As críticas positivas a esta série são muitas. Recordo, assim rapidamente, as sucessivas recomendações de João Barreiros no Fórum Fantástico que me levaram a ler Locke & Key. Contendo várias referências a Lovecraft caracteriza-se pela violência inevitável e crescente, originada pela descoberta de um portal através das quais demónios tentam atravessar para o nosso mundo.
A influência maléfica é aumentada por cada interacção com o portal, levando a episódios cada vez mais violentos e decisivos. Entenda-se. Esta série possui violência, mas não é particularmente sangrenta, primando por tornar as personagens próximas ao leitor – jovens traumatizados arrastados constantemente para acontecimentos que nem eles percebem na sua totalidade. Excepto para o vilão, não existe uma dissociação fria entre o acto violento e as personagens.

Se os volumes anteriores possuem imagens excepcionais, este volume excede-se, explorando ao máximo a capacidade de colocar, numa só imagem de duas páginas, vários acontecimentos de forma bastante detalhada. Coloquei aqui apenas algumas, mas quase qualquer página poderia ter sido escolhida.
Do ponto de vista gráfico, este terá sido dos melhores volumes que li ultimamente e a história, não sendo profunda de denso questionamento filosófico, adensa-se de tal forma que já encomendei o próximo volume.
Alô! Fiquei com imensa curiosidade em ler o Locke & Key e intrigado com o nome do Joe Hill. Já o tinha visto algures… e acabei por me lembrar que ele é o editor de uma compilação muito interessante que mandei vir há umas semanas da Amazon, que é a The Best American Science Fiction and Fantasy 2015. Deixo-te a sugestão 🙂
Joe Hill é o filho de Stephen King 🙂 É responsável pelo livro Cornos (já publicado por cá) que foi recentemente adaptado para cinema, do Caixa em forma de Coração, (também publicado cá), NOSFA2 (se leres com pronúncia inglesa é Nosferatu, um livro que foi descrito pelo João Barreiros como um Pai Natal que rapta criancinhas para as transportar para uma realidade paralela onde a sua energia vai sendo sugada).
Essa antologia já me anda na mira – não costumo gostar de adquirir este tipo de antologias porque como vou lendo algumas revistas, acabo por ler alguns dos contos. Essa em particular tem uma excelente amostra de autores. Reparei que o conto de Neil Gaiman é o mesmo que abre a antologia publicada cá recentemente, Histórias de aventureiros e patifes pela Saída de Emergência 🙂
Obrigado pela referência ! Estou a ver que 2016 vai ser o ano das compras na saída de emergência 😜