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Chegada à livraria, é no andar de baixo que nos espera David Brin – um autor carismático com vários livros publicados em Portugal pela Europa-América, na colecção de ficção científica. Como em qualquer evento em Portugal esperaram-se mais dez minutos para além da hora não fosse alguém chegar atrasado e foi neste compasso de espera que aproveitei para questionar se o autor iria poder assinar livros. A resposta não só foi positiva, como o autor tratou logo de sacar da caneta e autografar os 13 livros que levei. Sim. 13. E ainda ficaram alguns cá por assinar.

 

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A sessão iniciou-se com uma introdução de Maria Paula, onde se resumem alguns dos princípios fundamentais de cada um dos livros de David Brin. Após este resumo David Brin começa por apresentar alguns dos livros que tenta espelhar nas suas histórias: resistência à autoridade, excentricidade, diversidade, tolerância e individualidade. Partindo destes princípios, e passando por clássicos como 1984 de Orwell e Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley o autor continuou dissertando sobre a evolução da sociedade.

Após alguns minutos foram óbvias as bases em torno das quais rodavam as ideias apresentadas: a comparação entre a estrutura hierárquica fixa (triângulo típico característico da idade média) e a estrutura mais dinâmica em losango da sociedade actual; o ridículo da unidimensonalidade da política (esquerda e direita); ou o colectivo como suporte ao indivíduo. Entre estes conceitos é de realçar a opinião de David Brin sobre a vigilância em que refere que esta deveria servir para vigiar todos (ao menos seria igualitária).

 

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Mas houve mais. Ideias de como contornar a sociedade consumista ou breves noções da evolução do ser humano na literatura enquanto criador (de realçar os exemplos tradicionais de Frankenstein e Ilha do Dr. Moreau mas também A Guerra da Elevação do próprio autor). Finalmente, entre perguntas da audiência falou-se também do conceito de overmind, sendo perspectiva do autor de que esta poderia surgir como mais uma camada na psique humana, uma mente partilhada e comum.

Claro que estas são poucas linhas para descrever o muito que o autor falou de vários temas, alguns dos quais são visíveis nos livros, aproveitando o autor, também para publicitar o seu mais recente livro. Concordando-se (ou não) com algumas das ideias apresentadas, há que lhe dar o crédito devido – David Brin é um excelente orador que explorou algumas teorias interessantes de forma coerente, tendo esta sido uma sessão bastante envolvente, não só pela ficção científica, como pelas ideias expostas.