E voltemos à rubrica que está a desarrumar catastroficamente as minhas estantes, dado que ao percorrê-las vou retirando cada vez mais livros. A indecisão reina, mas eis dois autores fantásticos:
3. China Miéville
Perdido Street Station é um dos poucos livros de que me lembro sempre que me perguntam por aqueles de que gostei mais. Entre investigação científica e criminal, com detalhes de steampunk e estranhas quimeras humanóides, apresenta uma história complexa conta por vários pontos de vista.
Para além da trilogia de New Crubozon (constituída por Perdido Street Station, The Scar e Iron Council) o autor escreveu muitos mais livros fantásticos. Um dos temas mais inspiradores e fascinantes são decerto as cidades. Dentro desta temática China Miéville escreveu dois livros: UnLunDun e The City & The City. O primeiro, mais juvenil, apresenta-nos uma cidade numa realidade paralela, um reflexo distorcido da cidade de Londres. Já o segundo centra-se em duas cidades sobrepostas, simultaneamente visíveis e invisíveis entre os habitantes de cada um dos lados, onde ocorre um crime. A investigação leva o polícia a deslocar-se entre as duas cidades numa história que intercala o Suspense com o Fantástico mas que possui também detalhes distópicos.
4. Umberto Eco
Sim. Tenho a confessar que gostei do livro mais conhecido do autor O Nome da Rosa. Sim, achei que a discussão sobre o riso de Deus se estendeu para além do agradável mas achei que, no conjunto, este era apenas um detalhe. Misturando crime com ficção histórica, possui várias discussões filosóficas interessantes que conferem ao conjunto algo especial.
Em Baudolino a história torna-se mirabolante, um misto entre ficção histórica e fantástico que se centra num burlão ou mentiroso compulsivo que convence o rei a patrocinar uma expedição até ao Reino de Prestes João a fim de verem pessoalmente as bestas maravilhosas e as riquezas descritas numa suspeita carta. Invenção sobre invenção, tudo parece ir-se encaixando numa ilusão cada vez maior.
Bastante diferente dos anteriores é A Misteriosa Chama da Rainha Loana, um livro que se debate com a perda da memória depois de um AVC, pelo ponto de vista de um velhote que recorda todas as páginas dos livros que leu, mas nada que se relacione com a sua própria vida. Lentamente estas memórias irão surgir entre as linhas das histórias que leu.
(continua…)




