Depois de um volume esplendoroso quer na forma como explora a personagem do Eterno Sono, quer na forma como nos mostra vários deuses, de várias mitologias, em competição pelo Inferno, este volume traz-nos uma história bem mais sombria e arrepiante.
Quando Barbie, uma rapariga do interior que agora vive na grande cidade, revela que é incapaz de sonhar, tal não parece de grande importância. Quando os elementos dos seus antigos sonhos e brincadeiras infantis se parecem materializar no mundo real, provocando surtos de surrealidade nos que a circundam, percebemos que algo de mundo errado está a ocorrer.
Uma noite algo de muito errado ocorre. Barbie é puxada para o mundo dos sonhos de criança, numa noite de pesadelo comum a todos os moradores do prédio. Por coincidência (ou não), no mesmo prédio reside um homem vazio que alberga cucos no seu interior, bem como uma bruxa antiga que, ao ser incomodada, inicia uma série de perigosos rituais em vingança.
Chamada à terra das suas brincadeiras infantis pelos brinquedos materializados em pequenas personagens, Barbie tem uma árdua e longa missão para vencer a governante dos domínios, o Cuco, a personagem que toma conta do ninho alheio, captando recursos e a dedicação dos que a rodeiam.
Este volume mostra que a fronteira entre o sonho, a imaginação e a realidade é ténue. Neste caso a terra de sonho, formada pela imaginação, transforma-se num longo pesadelo, que engole personagens e tem efeitos bastante nefastos na realidade. O pesadelo não vem só da realidade paralela, mas da conversão das personagens boas em adoradoras do Cuco, fascinadas pelo seu carisma.
Negro e carregado de consequências pela mútua invasão entre os mundos, o quinto volume volta a demonstrar que atingir novamente o equilíbrio tem um pesado preço, mais para os envolvidos parcialmente do que para os que se encontram no centro dos acontecimentos.
A colecção Sandman foi publicada em Portugal pela Levoir em parceria com o jornal Público.
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