Do mesmo autor de Harrow County, este Bone Parish é, também, uma série de banda desenhada negra com uma premissa horripilante. Neste caso, um pouco mais pesada do que a de Harroy County, dado decorrer num mundo muito semelhante ao nosso, em que aparece uma nova droga gerada a partir de cadáveres.

Esta nova droga é gerida num negócio familiar, mais concretamente pela mãe que ficou viúva e que recebe conselhos do seu falecido marido, utilizando a droga para tal. A produção estará a cabo da filha, uma jovem aparentemente fria mas metódica que segue um procedimento que só ela conhece. Tal método implica que é difícil produzir em larga escala.

A distribuição de uma nova droga em Nova Orleães gera grande atenção por parte de dois grupos de criminosos. O primeiro tenta uma abordagem mais diplomática – uma proposta de negócios. Já o segundo, opta pelo ataque imediato, como forma de demonstrar que irá obter o que quer. Sem negociações.

A narrativa de Bone Parish vai oscilando entre acompanhar os diferentes membros da família, e mostrar as trips dos que tomam a nova droga. Cada cadáver produz um efeito muito específico, e existe em quem fique viciado numa determinada vertente da droga – até porque vertentes específicas produzem experiências semelhantes.

De conceito negro e pesado, Bone Parish desenvolve personagens em que se denota uma aura negra. Os jovens habituaram-se à violência e enfrentam-na como rotina. A mãe governa com a mão de ferro de um gansgter, e a única filha produz uma droga a partir de cadáveres. Cada um tem os seus segredos e o seu papel familiar.

Em termos visuais, o desenho apresenta imagens acizentadas, muitas vezes de contornos negros – excepto quando se incluem as alucinações provocadas pela droga. Estas distinguem-se por serem mais luminosas e possuírem uma intensa coloração roxa e rosa.

A premissa é incomum, a narrativa é negra, os mistérios estão por revelar. A estes três ingredientes juntam-se motivos de urgência (uma guerra entre mafiosos está próxima). O conjunto revela-se interessante, quer pelo alternar de perspectivas, quer pela forma como o autor vai transportando as personagens para uma degradação emocional.

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