Ainda faltavam dois meses para o final do ano e já várias páginas e jornais lançavam as suas listas de melhores livros do ano (ou outras listas equivalentes), talvez com o objectivo de influenciar algumas compras de Natal. Algumas listas são variadas, outras mais focadas num determinado género, ainda que, claro, irei focar-me mais nos que pertencem aos géneros da ficção especulativa. A minha lista só virá, claro, mesmo no final do ano. Tenho esperança de ainda ler mais uns até à passagem de ano.
Começo com a nova lista de melhores livros do século XXI pelo The New York Times. Nesta lista encabeçada por Elena Ferrante com A Amiga Genial, encontramos Station Eleven, The Vegetarian, A Quinta Estação, The Amazing Aventures de Kavalier & Clay, The Road (claro), The Brief Wondrous Life of Oscar Wao, Never Let me Go, ou The Underground Railroad. Na componente de banda desenhada, a lista apresenta Persepolis e Fun Home. É uma lista curiosa (com a qual, claro, podemos discordar), mas que possui referências interessantes e a explorar.
A par com esta lista do século XXI, encontramos uma lista do The New York Times dedicada a 2025 que começa por endereçar o género de horror referindo The Buffalo Hunter Hunter de Stephen Graham Jones, um autor que conheço tangencialmente, e Enterrai os Nossos Ossos no Solo da Meia-Noite de V. E. Schwab (lançado em português pela Minotauro).
No meio da lista encontramos Katabasis de R. F. Kuang (também lançado em português pela Desrotina), um livro do género Romantasy Silver Elite de Dani Francis (que estranhamente ainda não me tinha passado no radar), Sunrise on the Reaping de Suzanne Collins, O que podemos saber de Ian McEwan (o novo livro do autor tem causado grande furor e já foi lançado em Portugal pela Gradiva, A Witch’s Guide of Magical Innkeeping de Sangu Mandanna (que parecendo ser na mesma linha de A Sociedade Muito Secreta de Feiticeiras Invulgares não me deve interessar).
Tirando a referência a Katabasis não julgo que esta lista tenha optado pelas melhores opções na ficção especulativa. O novo livro de Ian McEwan é, claro, uma referência óbvia, mas algumas das restantes referências parecem-me algo obscuras.
A lista da TIME separa entre ficção, não ficção e poesia, começando com o novo livro de Ken Liu, All That We See or Seem. Entre os referidos voltamos a encontrar The Buffalo Hunter Hunter de Stephen Graham Jones, Katabasis da R. F. Kuang. De destacar também, a listagem de Death of the Author de Nnedi Okorafor e The Dream Hotel de Laila Lalami.

O The Guardian opta por separar e construir várias listas por género, existindo uma para ficção traduzida, onde se refere o curioso On the Calculation of Volume de Solvej Balle, outra para Novelas Gráficas, outra para YA, e finalmente, uma lista para ficção científica da autoria de Adam Roberts, onde se listam Ice de Jacek Dukaj e novamente There Is No Antimemetics Division. A livraria do The Guardian apresenta outras listas que me parecem mais compostas, com O que podemos saber de Ian McEwan na ficção, Ginseng Roots de Craig Thompson na banda desenhada.
Passando a listas de livrarias, a Wavestone apresenta lista de ficção e de Romantasy, bem como uma lista dedicada à ficção especulativa. A de fantasia é encabeçada por Katabasis e e Enterrai os Nossos Ossos no Solo da Meia-Noite de V. E. Schwab, apresentando também alguns dos livros mais falados este ano como Raven Scholar, The Devils de Joe Abercrombie, The Summer War de Naomi Novik, The River has Roots de Amal El-Mohtar, Hemlock & Silver de T. Kingfisher (que já cá tenho à espera de ser lido), The Strengh of the Few de James Islington (também ali na prateleira), The Incandescent de Emily Tesh.
Passando ao horror, encontramos The Bewitching de Silvia Moreno Garcia (lido recentemente, mas não tenho a certeza de que o colocaria entre os melhores do ano), Snake-Eater de T. Kingfisher (a minha leitura actual), There Is No Antimemetics Division (recebido agora no Natal). A lista de ficção científica (demasiado curta a meu ver) é encabeçada por Tailored Realities de Brandon Sanderson, mas contém referências a livros como Automatic Noodle de Annalee Newitz.

A lista da Amazon começa por apresentar uma lista de 20 melhores do ano onde voltamos a encontrar Katabasis de Kuang. Já na lista dedicada à ficção científica e fantasia encontramos, entre outros, The River has roots de Amal El-Mohtar, Death of the Author de Nnedi Okorafor, The Incandescent de Emily Tesh ou A Drop of Corruption de Robert Jackson Bennett (autor que sigo há algum tempo). Curiosamente, desta lista, apenas li o The River has roots.
A Barnes & Noble começa com uma lista de melhores livros de ficção (onde encontramos, claro, o novo livro do Ian McEwan), apresentando também listas por géneros, onde me interessa, claro, a de Ficção científica e fantasia. A lista é encabeçada por uma surpresa (Alchemised, lançado em Portugal pela Planeta) mas logo encarreira com o expectável Katabasis. Voltamos a encontrar, também Enterrai os Nossos Ossos no Solo da Meia-Noite de V. E. Schwab, Silver Elite de Dani Francis, There Is No Antimemetics Division, The Strength of the Few. Encontramos também O Cavaleiro e a Mariposa de Rachel Gillig, Water Moon de Samantha Sotto Yambao e (todos lançados em Portugal) e Maldição Gravada em osso de Danielle L. Jensen. Não é uma lista que me atraia bastante, talvez pela contaminação de Romantasy que retira destaque a outros grandes livros que foram lançados este ano.
A Pan MacMillan apresenta uma lista de melhores de 2025 e de sempre, que não me parece muito consistente com o que se vê nas restantes, se excluirmos Enterrai os Nossos Ossos no Solo da Meia-Noite de V. E. Schwab, referindo Contra esta Casa de Natalie Haynes (lançado em Portugal pela Top Seller). Felizmente, existe também uma lista de ficção científica onde destaco a referência a Rose / House de Arkady Martine.
Na The Penguin Random House encontramos uma lista única para os melhores do ano de 2025, com algumas referências curiosas: Dungeon Crawler Carl de Matt Dinniman (com lançamento já anunciado para o mercado português), Water Moon de Samantha Sotto Yambao, Witchcraft for Wayward Girls de Grady Hendrix ou A Witch’s Guide to Magical Innkeeping de Sangu Mandanna. Existe também uma lista de notáveis e vencedores de prémios onde encontramos The Tainted cup de Robert Jackson Bennett e uma lista de notáveis com Silver elite de Dani Francis, O que podemos saber de Ian McEwan e A Witch’s Guide to Magical Innkeeping de Sangu Mandanna.

Uma das listas mais esperada é a da TOR.com (ou reactormag.com), que refere alguns dos nomeados anteriormente (curiosamente, nem Katabasis nem Death of the Author aparecem listados por nenhum dos editores) como Automatic Noodle de Annalee Newitz, The Incandescent de Emily Tesh, The Buffalo Hunter Hunter de Stephen Graham Jones, The River Has Roots de Amal El-Mohtar ou Enterrai os Nossos Ossos no Solo da Meia-Noite de V. E. Schwab. Ainda assim, a lista tem muito mais para explorar, com alguns mais conhecidos como The Raven Scholar de Antonia Hodgson e alguns mais obscuros que desconhecia existirem. Para quem aprecia YA, existe, também, uma lista dedicada à ficção especulativa YA.
Depois destas listas todas, a do BookRiot já não traz grandes surpresas, com A Witch’s Guide to Magical Innkeeping de Sangu Mandanna, Automatic Noodle de Annalee Newitz, Enterrai os Nossos Ossos no Solo da Meia-Noite de V. E. Schwab, Katabasis de R. F. Kuang, The Bewitching de Silvia Moreno Garcia, The River has roots de Amal El-Mohtar ou The Bufallo Hunter Hunter de Stephen Graham Jones mas também com I Got Abducted By Aliens and Now I’m Trapped in a Rom-Com de Kimberly Lemming, Lessons in Magic and Disaster de Charlie Jane Anders, ou The Isle in the Silver Sea de Tasha Suri.
A Biblioteca pública de Nova Iorque também apresenta três listas, segregadas por faixa etária do público alvo, uma para adultos, outra para jovens adultos e uma terceira para os mais jovens. Focando-me na lista para adultos encontramos Death of the Author e The Devils de Joe Abercrombie, bem como Dwelling de Emily Hunt Kivel e Terrestrial History de Joe Mungo Reed.
O Scientific American lista os 10 melhores livros, encontrando-se, entre eles, Katabasis de R. F. Kuang, When the moon hits your eye de John Scalzi e Death of the author de Nnedi Okorafor.
Então, e o que muda na minha Wishlist ou na minha lista de próximas leituras? Já tinha adquirido Enterrai os Nossos Ossos no Solo da Meia-Noite de V. E. Schwab, mas com tantas referências, tanto em páginas direccionadas para a ficção especulativa como em listas mais genéricas, vou decerto tentar ler este calhamaço nos próximos tempos.
Diria o mesmo de A Witch’s Guide of Magical Innkeeping de Sangu Mandanna, que não tendo adquirido, aparece tão consistentemente em várias listas que me questiono sobre o que irei encontrar (ainda que, novamente, tenha achado o livro anterior da autora esquecível). Idem para Silver Elite de Dani Francis, que não me recordo de ver antes de tantas citações. Outros dois que ganharam um lugar de maior destaque na wishlist foram Lessons in Magic and Disaster de Charlie Jane Anders, e The Isle in the Silver Sea de Tasha Suri.
Katabasis também já cá está à espera, e tem subido na lista de próximas leituras consoante vou sabendo alguns detalhes sobre o livro. Neste pacote estão também Incandescent de Emily Tesh, Water moon, The Dream Hotel de Laila Lalami e Death of the author de Nnedi Okorafor.

E então os melhores dos anos anteriores? Em 2024 várias listas apresentavam o The Book of Love the Kelly Link, livro que tive oportunidade de ler em 2025. Posso dizer que é engraçado, mas não me cativou o suficiente para ser incluído na lista de melhores leituras do ano. É um livro estranho com episódios intrigantes e personagens ligeiramente irritantes, que cria curiosidade sobre os acontecimentos mas que não cria empatia e ligação (pelo menos não criou comigo). A leitura demorou a fluir e apesar de ter apreciado q.b. e retido algumas passagens mais bizarras, não me cativou.
Já The Practice, The Horizon and the Chain de Sofia Samatar tornou-se (sem surpresa, depois de A Stranger in Olondria) uma das melhores leituras do ano. Trata-se de um pequeno livro que consegue, em menos de 150 páginas caracterizar uma sociedade de ficção científica numa nave, uma distopia onde os humanos vivem em camadas bem definidas, que se destaca pela forma como desenvolve a perspectiva peculiar das personagens e de como, através delas, nos apercebemos do que está a acontecer.
Na banda desenhada, as várias referências levaram-me a My Favorite Thing is Monsters, livro que efectivamente foi das melhores leituras do ano, e que me fascinou por conseguir contar uma história horrorosa sob um véu de inocência e metáfora.


