Se tinha sentido alguma evolução na ficção especulativa ao longo dos mais recentes anos, já este ano de 2018 achei que foi mais um ano de consolidação do que de crescimento. Algumas iniciativas terminaram (ou diminuiram em frequência) enquanto outras se iniciaram. Eis um apanhado dos eventos e dos lançamentos de ficção especulativa em 2018.
Eventos
2018 foi o ano em que terminaram os eventos regulares dos Devoradores de Livros. Os encontros decorriam mensalmente numa livraria e iniciaram-se na Leituria. Mais recentemente, passaram para a Tigre de Papel. De ocorrência mensal, estes encontros traziam um convidado com o qual decorria uma conversa na livraria até um pequeno jantar de convívio. Esperemos que outra iniciativa semelhante se siga.
Em termos de lançamentos de autores nacionais 2018 começou, tal como 2017, com um livro de João Barreiros, desta vez um livro a solo, Crazy Equóides. Este livro, publicado pela Imaginauta, começou como uma história para uma antologia erótica de ficção científica e fantástico. Não se realizando a antologia, a história acabou por ser publicada em livro isolado pela Imaginauta. O lançamento decorreu num cenário bem burlesco! (para os interessados, eis vídeos do evento).
Abril foi marcado pelo Festival Contacto, um novo evento de ficção científica e fantástico que se traduziu numa tarde bem passada para participantes de todas as idades. O evento possuiu componentes literárias, mas também uma escape room, jogos de tabuleiro e lutas de sabres de luz que deliciaram os mais novos. Não faltaram as salas de magia nem as bancas de livros e não faltou o apoio logístico (como bar e esplanada). Foi uma tarde recheada que poderá se repetir em 2018.
Na vertente de horror, o Sustos às sextas que se costumava alongar por 5 ou 6 sessões de periodicidade mensal, decorreu em 2018 apenas uma vez (sendo que não pude comparecer). Outro evento que voltou a ocorrer, mas julgo que com menor adesão, foi o Sci-fi LX – decerto por causa das obras que decorriam no pavilhão e que bloquearam a usual distribuição de participantes, convidados e bancas.
A Comic Con decorreu pela primeira vez em Lisboa e tive oportunidade de ir pela primeira vez. É um evento que dedica vários espaços a várias vertentes da cultura pop, ainda que nalgumas tenha condições insuficientes. Para nós foi um dia bem passado, mas cansativo, onde tive oportunidade de conhecer alguns autores de banda desenhada e ficção especulativa.
Já o Fórum Fantástico, este ano, alongou-se temporalmente e estendeu os seus tentáculos aos eventos EuroSteamCon e ao dia 5 de Outubro, com República Irreal e Fantástica (onde se falaram de realidades alternativas). O evento principal decorreu nos três dias habituais na Biblioteca Orlando Ribeiro e trouxe, como já é usual, o que de melhor de faz na ficção especulativa portuguesa. Este ano trouxe não um, mas dois convidados internacionais: Gillian Redfearn e Chris Wooding.
O Festival Bang! é outro dos eventos que marcou o ano, sendo já a segunda edição. O evento atrai muitos leitores e explora diversos interesses tendo um espaço para jogos de tabuleiro, magia (Harry Potter) e lutas de sabres de luz. Teve como convidada internacional Robin Hobb e foi dos eventos de ficção especulativa com mais público.
Logo no fim de semana a seguir ao Festival Bang! decorrer o Literal, um evento literário em Alenquer que, este ano, se dedicou à ficção especulativa. Entre os convidados estiveram João Barreiros, Luís Filipe Silva, Inês Botelho, Madalena Nogueira Santos. No mesmo fim de semana decorreu o ComCeptCON 2018, um evento ligado à Comunidade Céptica Portuguesa que tem como objectivo informar, de forma isenta, com base em conhecimentos científicos actuais.
De teor mais académico, Mensageiros das Estrelas decorreu, como é usual na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e trouxe como convidado, Mike Carey! Por sua vez, Margaret Atwood esteve em Portugal por ocasião do Fórum do Futuro. O ano terminou com o lançamento de Quem chama pelo senhor Aventura?, o livro escolhido para o prémio Editorial Divergência.
Lançamentos
Não vou fazer uma lista exaustiva de lançamentos – apenas realçar os que considero mais importantes. Começo com os lançamentos nacionais:
- Crazy Equóides – João Barreiros;
- Lisboa Oculta – vários autores;
- Comandante Serralves – Expansão – vários autores;
- Quem chama pelo senhor Aventura? – Rita Garcia Fernandes;
- Tudo isto existe – João Ventura;
- O resto é paisagem – vários autores;
- A espada que sangra – Nuno Ferreira;
- Steampunk Internacional – vários autores;
- O jogo – Carmo Cardoso e José Machado;
- O Farol Intergaláctico – João Pedro Oliveira;
- O Futuro à janela – Luís Filipe Silva (nova edição digital);
- Euronovela – Miguel Vale de Almeida.
E continuo com os internacionais:
- O Elmo do Horror – Victor Pelevin;
- Filhos de sangue e osso – Tomi Adeyemi;
- Kkrabat – O Moinho do Feiticeiro – Otfried Preussler;
- Coração negro – Naomi Novik;
- Artemis – Andy Weir;
- Quinta estação – N. K. Jemisin;
- Amatka – Karin Tidbeck;
- O Núcleo – Peter V. Brett;
- Quem teme a morte – Nnedi Okorafor;
- Love Star – Andri Snaer Magnason;
- O Poder – Naomi Alderman;
- A casa Golden – Salman Rushdie;
- Os humanos – Matt Haig;
- Às cegas – Josh Malerman;
- Sonhos Eléctricos – Philip K. Dick;
- Guerra Americana – Omar El Akkad;
- Solaris – Stalislaw Lem;
- A maldição de Hill House – Shirley Jackson;
E os vossos? Que lançamentos de autores nacionais destacariam?
Resumos de outros anos