Economix foi uma das leituras mais interessantes dos últimos tempos, apresentando, de forma simples e clara, a evolução das noções da economia a par com a sociedade. A perspectiva é, sobretudo, ocidental e refere-se às culturas europeia e americana e demonstra, com princípios expostos de forma directa e lógica, como a gestão do dinheiro evoluiu com a criação de países e com a Revolução Industrial (por exemplo).
Intercalando conceitos relativamente complicados, o autor apresenta pequenas tiradas irónicas que ajudam a desenvolver ideias num determinado sentido e que aligeiram o tom de um livro de divulgação científica. O livro não se perde em exposições matemáticas, apresentando, antes, conceitos de forma simples, modelos económicos e as situações em que se aplicam e como a evolução da sociedade levou a que se desenvolvessem novas teorias e novos modelos.
Mas modelos e teorias nem sempre são bem sucedidos. Ainda que possam ser aplicáveis a uma determinada realidade durante algum tempo, os modelos baseiam-se em pressupostos que nem sempre correspondem à sociedade em que estão a ser aplicados. Neste sentido, o autor apresenta, de forma genérica, os motivos principais que levaram grandes modelos económicos a falhar.
O livro termina, como é óbvio com a actualidade, mostrando como a mais recente forma económica serve os accionistas antes das próprias empresas, e, claro, colocando os empregados e a verdadeira produção como última prioridade. O objectivo é o lucro a curto prazo por parte dos accionistas, num modelo de negócio que se torna danoso para a própria sociedade.
Economix mostra a diferença entre várias políticas e a sua aplicação na economia, dando exemplos históricos de como as teorias e respectivos modelos foram bem e mal aplicados. Não tendo como intuito, claro, de formar economistas, o livro pretende possibilitar que os seus leitores percebam alguns conceitos de mercado, dando-lhes algum sentido crítico.
Economix foi publicado em Portugal pela Arte de Autor.
Resta acrescentar que o próprio Ricardo Paes Mamede, meu colega e distinto economista e Professor, assina um posfácio na contracapa. Creio que ele acha que este livro é uma das melhores obras existentes de introdução à Economia. Eu li a edição original no ano passado, estou de acordo com o RPM, e acho que quem ler fica muito mais rico…e é mesmo um dos meus livros do ano de 2018.. Mais, o desenho é muito competente, feito pelo desenhador do magnífico Kings in Disguise, uma das obras seminais da banda desenhada alternativa norte-americana.
Eu sou muito novo no mundo dos quadrinhos ocidentais. Eu leio muito mangá quando criança / adolescente.
No entanto, eu sou um pouco completista, então é difícil para mim aceitar “apenas leia este personagem” ou “saiba, você não precisa ler cada edição”. Por causa disso, descobri que realmente adoro graphic novels, já que tendem a ser mais auto-contidos / limitados. (Eu sei que não há definição definida necessariamente, então eu espero que eu esteja recebendo o meu ponto de vista!)
Como uma nota lateral – Eu também estou lendo quadrinhos da Marvel. Mas eu me encontrei um ponto de partida confortável o suficiente para que eu sinta que estou tendo uma boa história, mas recente o suficiente para me parecer superável e isso me traz aqui!
Se você pudesse recomendar uma graphic novel, o que seria?
(Já no meu para ler / ter lista de leitura: Sandmand, Nimona, Watchmen, Through the Woods, Maus, Saga)
Sem saber quais as preferências narrativas é difícil recomendar só uma 🙂 Olha para a colecção Novela Gráfica da Levoir, publicada em parceria com o jornal Público – tem excelentes novelas gráficas com edição de capa dura e bom preço. Eis alguns dos meus favoritos da primeira colecção:
– Foi assim a guerra das trincheiras – https://osrascunhos.com/2017/01/03/foi-assim-a-guerra-das-trincheiras-tardi/
– A arte de voar – https://osrascunhos.com/2016/06/21/a-arte-de-voar-altarriba-e-kim/
– Sharaz-de – https://osrascunhos.com/2016/05/30/sharaz-de-sergio-toppi/
– O Diário do meu pai – https://osrascunhos.com/2016/05/21/o-diario-do-meu-pai-jiro-taniguchi/
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Ainda! Qualquer coisa de Michelangelo Prado – é dos meus autores favoritos:
– https://osrascunhos.com/2016/07/20/traco-de-giz-miguelanxo-prado/
– https://osrascunhos.com/2016/07/15/presas-faceis-miguelanxo-prado/
– https://osrascunhos.com/2016/06/23/a-vida-e-um-delirio-miguelanxo-prado/
– https://osrascunhos.com/2016/06/01/stratos-miguelanxo-prado/
– https://osrascunhos.com/2016/04/22/fragmentos-da-enciclopedia-delfica-miguelanxo-prado/
Diria que, desse apanhado, te faltam experimentar as séries da Image ou da Vertigo. Se gostas de histórias futuristas tens Descender ou Saga (publicadas em PT pela G Floy).
Também aconselho algumas obras portuguesas, que possuem grande destaque para a narrativa:
– Os livros de André Diniz;
– Da editora Escorpião Azul – Ermal, Sintra
– Da Tinta da China – os de Filipe Melo (Comer / Beber, Vampiros (que tem muito pouco de Vampiros mas é uma alusão à música Vampiros), a trilogia do Dog Mendonça e Pizzaboy)
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